Censo 2022: cidade no Ceará tem maior taxa de domicílios vagos no Brasil
O município cearense de São João do Jaguaribe é o primeiro no ranking das cidades brasileiras com maior percentual de domicílios vagos, registrando taxa de 29,1%. O dado é do Censo Demográfico 2022, realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e divulgado nessa quarta-feira, 28.
Helder Rocha, chefe da Disseminação das Informações do IBGE, explica que em municípios com população abaixo de 10 mil habitantes, como São João do Jaguaribe, qualquer variável demográfica é bem sensível. “O município perdeu 2 mil habitantes. Houve uma emigração. As pessoas viviam lá e não vivem mais. Isso, em parte, explica o alto percentual de domicílios vagos. Mas precisamos de mais elementos, não só os demográficos, para entender por que houve isso”, detalha.
O município de Poranga fica no 16º lugar no mesmo ranking, com 24,8% dos seus domicílios vagos. O Ceará passou de um total de 2.774.125 domicílios em 2010, para 3.824.577 em 2022, o que representa um aumento de 37,9%. Por outro lado, a média de moradores por domicílio apresentou redução de 3,56 para 2,91.
Dentre o total de domicílios, os permanentes ocupados aumentaram 27,4% e os não ocupados cresceram 99,6%. Dentre os domicílios não ocupados, os vagos aumentaram 104,1% e os deuso ocasional tiveram crescimento de 18,8%.
Censo 2022: veja população de cada município cearense
O IBGE explica que, de acordo com a metodologia adotada no recenseamento, quando o morador não era encontrado na primeira visita, o recenseador precisava retornar ao domicílio pelo menos outras quatro vezes, em dias e horários diferentes.
“Além disso, os recenseadores utilizavam várias estratégias para tentar encontrar os moradores, como acionar os vizinhos em busca de informações ou deixar folhas de recado na caixa de correio com aviso sobre a visita e informações de contato”, conforme o órgão.
Violência contribuiu para saída de moradores
Em 2022, São João do Jaguaribe foi apontada como a cidade mais violenta do Brasil pelo Anuário Brasileiro de Segurança Pública. A cidade constava com a maior taxa de mortes violentas intencionais entre 2019 e 2021, com 224 óbitos a cada 100 mil habitantes.
Segundo Raimundo Cesar, prefeito do município, taxa elevada de domicílios vagos está relacionada com perda de população. “É um retrocesso econômico, social. Essa evasão faz com que nossa economia fique menor, a gente não cresce”, diz.
Para o gestor, “um fator muito importante é a crise na segurança pública”, mas ele não atribui a mudança “só à violência”. “Um dos fatores mais importantes é a falta de emprego e renda, isso faz com que jovens migrem para outras cidades, como Limoeiro do Norte, Tabuleiro do Norte, Russas. As famílias daqui estão indo embora pela violência mas também indo trabalhar, estudar”, relaciona.
Ele frisa que a segurança pública é um dever do Estado e que em seus dois anos e meio de gestão tem buscado investir em áreas sociais como educação, cultura e esporte. “Venho investindo com muita prioridade nas crianças e adolescentes. Temos uma quadrilha junina se destacando, temos um time de futsal. Quero trazer o jovem para escola, cultura, tirando desse caminho”, diz.
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