Ultraprocessados: o que são os emulsificantes presentes nesse tipo de alimento e como eles impactam o intestino
Não é novidade que os alimentos ultraprocessados são um risco para a saúde humana. Segundo uma pesquisa recente, publicada na revista The Lancet Planetary Health, o consumo aumenta o risco de uma pessoa desenvolver 25 tipos de câncer. Para além da gordura saturada, dos açúcares e do sódio, agora um novo componente destes produtos alimentícios, o emulsificante, têm gerado preocupação nos pesquisadores.
A função dessa substância química, de acordo com a cientista de alimentos Natalie Alibrandi, fundadora e CEO da Nali Consulting, “é combinar água e óleo”. Utilizada em mais de um item encontrado nas prateleiras dos mercados, como margarinas, pães e bolos industrializados, sorvetes, chocolates e carnes processadas, ela promove a “ligação” entre os ingredientes, os mantendo com uma boa aparência e textura macia.
“Ele é estruturado com um lado hidrofóbico, que não gosta de água, e um lado hidrofílico, que gosta de água. Então, um lado está ajudando a ligar o óleo ou a gordura no produto, e o outro lado está ajudando a ligar a água”, explica Natalie.
Porém, as consequências na microbiota intestinal pela presença de emulsificantes nos alimentos é um motivo de preocupação, aponta Megan Rossi, pesquisadora da universidade britânica King’s College London. A microbiota é um termo utilizado para descrever a comunidade de microrganismos, em sua maioria bactérias, que geralmente se encontram em tecidos saudáveis, especialmente no cólon (parte do intestino grosso), mas também podem ser encontrados na pele e em outras mucosas.
A cientista, que busca soluções para ajudar pessoas com doença inflamatória intestinal, sugere a principal suspeita sobre o aditivo alimentar:
“Se você pensar em como eles combinam água e óleo e se transformam nesse tipo de sabão [emulsificantes são também usado em detergentes], pensamos que pode tornar o revestimento do intestino mais vulnerável à penetração de microrganismos inflamatórios específicos”, pontua.
Leia mais: O Globo