Eleições 2022Paulo Júnior

Diferente de 2018, em 2022 a corrida pelo executivo estadual será acirrada

Em 2018, a campanha eleitoral para o executivo cearense era realizada com ares de que já se sabia o resultado. Àquela época, Camilo Santana (PT) despontava como franco favorito à reeleição, o que ocorreu. Santana alcançou quase 80% dos votos válidos, ante pouco mais de 11% de seu principal adversário. Em 2022, o trajeto não se mostra tão definido, e a expectativa é que se veja o pleito mais disputado dos últimos anos, especialmente, porque os três concorrentes de maior destaque contam com considerável estrutura de campanha e apoios importantes. Roberto Cláudio (PDT), Elmano de Freitas (PT) e Capitão Wagner (UB) protagonizarão, sem dúvidas, uma campanha acirrada.

Ainda não existem levantamentos de intenção de voto com a colocação das três candidaturas citadas. Isso ocorre, em grande parte, pelo inesperado lançamento do nome de Elmano pelo Partido dos Trabalhadores. Esperava-se que, mesmo com os entraves na aliança PT-PDT, ela não seria rompida. Contudo, a oficialização de Roberto Cláudio como postulante pedetista fez o PT agir, e colocar um nome próprio na disputa. Assim, Elmano foi sacramentado.

Olhando o quadro desenhado hoje, é importante ponderar que as campanhas já estão na rua, e o ritmo ficará mais intenso em poucos dias, com o início de fato das atividades. Neste momento os três nomes rodam o estado na costura de alianças e palanques municipais, com destaque para Elmano – que sob olhar de Camilo – tem angariado postos importantes pelo interior cearense, como Crato e Barbalha, por exemplo. Roberto Cláudio conta com o endosso de Sarto (PDT), prefeito de Fortaleza, e tem comandado investidas ao interior, algumas vitórias tem sido observadas, apesar da debandada de nove prefeitos pedetistas da legenda. Por sua vez, Capitão Wagner (UB) tenta correr por fora, a fim de assegurar posições relevantes ao longo do estado.

Wagner começou sua campanha cedo, mas, sabe do poder com o qual está lidando. Nessa linha, mesmo tendo rodado o estado bem mais antes de seus opositores, o que se nota é que o postulante do bolsonarismo não encontrou grandes destaques, já que parte significativa dos prefeitos estava aguardando a definição dos Ferreira Gomes e do PT. Capitão capturou o apoio de Glêdson Bezerra (Podemos), prefeito de Juazeiro do Norte. O município é o terceiro maior do Ceará. Porém, Wagner terá que dividir Glêdson com Camilo Santana, senador que contará com endosso do gestor juazeirense.

Ao perceber o detalhe dos fatos em destaque, fica nítido que as campanhas do campo da centro-esquerda contam com adesão mais firme, e que o nome de Camilo será notado com quase unanimidade entre os gestores locais. A vaga ao senado está dada, e é difícil que algum prefeito tenha ânsia de se indispor com um político praticamente eleito. Ou seja, Camilo capturou um espaço de barganha considerável, e tem usado isso a favor de Elmano. E usará muito mais. Neste campo é singular a declaração de apoio que Vitor Valim (Pros) conferiu ao postulante petista. Teoricamente era esperado que o prefeito de Caucaia optasse pela neutralidade ou pela campanha de Wagner, repetindo a proximidade vista em 2020. Porém, desde o fim das eleições municipais, Santana buscou trazer Valim para junto do governo, e conseguiu.

No conjunto alianças, o contexto está dividido. Wagner tem em seu barco União Brasil, Avante, Pros, PTB, Solidariedade e PL. Por sua vez, Elmano sai com PT, PV, PCdoB, MDB, PP e deve receber ainda o apoio do PSDB. Enquanto isso, Roberto conta com PDT, PSD e PSB.

No momento, as candidaturas desenham seu molde final, com a indicação de quem serão os vices. Entretanto, uma coisa é certa, desta vez a disputa existirá de fato, e os postulantes terão que usar de todo marketing, convencimento e propostas para angariar o voto definidor, primeiro para chegar ao segundo turno, e depois para vencer de fato.

Os fiadores estarão nos programas, e serão vistos, provavelmente, até a exaustão, com exceção de Capitão Wagner (UB). Ele conta com apoio de Bolsonaro, todavia, é pouco possível que o presidente esteja totalmente integrado à campanha, em face do alto nível de rejeição que o morador do Planalto Central encontra no Nordeste, e em especial no Ceará. Por sua vez, Roberto Cláudio abusará da imagem de Ciro Gomes, e Elmano colará em Lula e Camilo.

Em 2 de outubro, quando o primeiro round se encerrar, também se verá quem venceu a disputa dos apoios, e acredite, essa corrida também é importante. No segundo turno as forças se realinham e a história contada é diferente. Em breve descobriremos como tudo será.